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Da Era da IA à COP26 a voz retumbante é a dos Centenários

Em junho de 2018, Henry Kissinger, secretário de segurança dos governos Nixon e Ford, surpreendeu o mundo com um artigo na prestigiosa Atlantic: "How the Enlightenment Ends". Kissinger, judeu nascido na Polônia, refugiou-se nos Estados Unidos, onde se tornou o mais influente e respeitado "Advisor" no campo da Geopolítica. Kissinger esteve envolvido em tudo de relevante que aconteceu na segunda metade do século XX, e veio a ganhar o Premio Nobel da Paz em 1973. Não vale entrar aqui nas suas responsabilidades no tocante à Guerra do Vietnã, abertura da China, dentre outros. O relevante para mim, neste texto, é que, do alto dos seus 95 anos de idade incontestavelmente bem vividos, ele se arvora a escrever sobre Inteligência Artificial e seus efeitos no mundo à frente. Em “How the Enlightenment Ends”, Mr. Kissinger mostra que, para discorrer sobre o tema, ele estudou, pensou e refletiu longamente sobre o mesmo, para fazer um alerta ao final: O Iluminismo, que tanto influenciou nossa sociedade, nasceu na Filosofia, e impactou a tecnologia. Hoje, esse processo se inverteu, e os Estados Unidos estão atrás de outras nações, que fizeram da Inteligência Artificial um projeto nacional prioritário. Ele conclama os EUA a criarem uma comissão multidisciplinar para tratar do tema. Ao completar 98 anos, e ainda trabalhando intensamente, Mr. Kissinger se juntou à Eric Schmidt (ex-CEO e Chairman da Google e Alphabet) e Daniel Huttenlocher (dean of the Schwarzman College of Computing at MIT) para lançar um livro chamado “The age of AI”. O quase centenário Kissinger volta ao tema, agora cercado de pessoas de tecnologia, para alertar que a Inteligência Artificial provocará uma nova Era do Renascimento para a Humanidade. Portanto, deve ser usada de forma a evitar os extremos negativos. No texto, também fica clara sua admiração pela IA. Kissinger propõe um grande esforço para se lidar com as implicações práticas e legais do uso da IA, sem abrir mão das questões filosóficas. Com a certeza que a IA vai invadir e dominar tudo, em campos tão diversos como medicina, agricultura, engenharia, saúde pública, e etc, relembra que devemos ter em mente valores universais da humanidade, tais como dignidade e moral. Nesse mesmo momento, na COP-26 em Glasgow, Sir David Attenborough, aos 95 anos, e com uma elegância britânica, subiu ao palco sozinho, com a “moral” de quem tanto contribuiu para que o tema do meio-ambiente chegasse às pessoas comuns. Durante décadas o naturalista, em parceria com a BBC, encantou o mundo, por meio de programas nos quais reproduzia a natureza com beleza, profundidade e genialidade. Com maestria, Sir Attenborough deu, em apenas 7 minutos, um recado simples, usando imagens que coletou em todas essas décadas (vídeo abaixo). Todos nós, e em especial a plateia de especialistas que lá estavam, conhecemos seus argumentos. Porém, nos últimos segundos, ele vaticinou: “somos poderosos o suficientes para juntos salvarmos o planeta. No meu tempo de vida vi um declínio, mas no seu vcs podem e devem testemunhar uma impressionante recuperação do meio ambiente. Senhores e Senhoras, o mundo olha para vcs e por isso estão aqui.” Sir Attenborough e Mr. Kissinger conheceram o planeta e, acima de tudo, viveram. Um registrou incríveis e inéditas imagens, como as aves que conseguem ultrapassar o Everest, os seres exóticos dos diversos continentes, a beleza das profundezas dos oceanos, o fantástico universo das plantas, e muito mais. O outro cruzou os oceanos, promovendo a paz e a guerra. Ambos são exemplos vivos de que manter-se conectado com o mundo talvez explique a longevidade. Ambos tiveram altos e baixos, momentos de glória, tristeza e fracasso. Neste ano de 2021, os dois quase centenários jogam um holofote sobre o futuro, apontando os desafios e a certeza de que a humanidade tem as ferramentas para ser bem sucedida. O maior legado que nos deixam é o de demonstrar o poder de pensar a longo prazo, em qualquer momento da nossa frágil existência.



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