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O povo de Deus

Atualizado: 12 de dez. de 2020

Abraão, o patriarca, foi o único personagem com quem Deus negociou. É o ser humano mais importante de todos os tempos, pois dele originaram-se as 3 religiões dos livros.

Do filho de Abraão com uma serva, Ismael, nasceu o povo Árabe. De Isaac, seu filho legítimo, nascido de uma mulher considerada estéril, descende o povo Judeu e, em consequência, a “seita” adotada pelos romanos, no século V, como religião oficial do império, a qual chamamos de Cristianismo.

É provável que o choque de civilizações, entre o Islam e os Cristãos, possa ser resolvido com diálogo e respeito / boa vontade, dada a origem tão próxima.

Os conflitos têm raizes na queda do Império Otomano, consequência da 1a Guerra Mundial. Vale assistir o clássico filme “Lawrence da Arabia”, de David Lean. Em algumas poucas horas, consegue-se entender como foi o fim artificial do Império Otomano, embalado pela valorização do petróleo, abundante no Oriente Medio. Também vale observar o mapa da região: no que chamamos de “Oriente Médio“, as fronteiras entre países são linhas retas, o que é sinal de artificialismo.

A partir de 1920, países relevantes, como a Turquia e o Irã, tenderam a ocidentalizar suas sociedades, cada um à sua forma. Recomendo a leitura do livro “Reset”, de Stephan Kinzer, publicado em 2010, que trata de como se deu esse processo.


O conflito cresceu de forma exponencial após a 2a Guerra Mundial, criando um antagonismo entre os países islâmicos e as maiores potências do Ocidente, de maioria cristã, cujas razões não são simples de sintetizar.

Em 2008, no livro “Who Speaks for Islam? What a Billion Muslims Really Think”, foi divulgada a maior pesquisa feita sobre a população de 1,3 bilhões de pessoas que professam o Islam como religião.


Realizada pelo Instituto Gallup, essa extensa pesquisa deixa claro que, pelas respostas a inúmeras questões perguntadas tanto a seguidores do Islam em diversos países, como para a não Islâmicos nos EUA, existem mais convergências do que diferenças.


Em geral, as pessoas desejam prosperidade, igualdade e buscam a felicidade. Os Islâmicos admiram o Ocidente, em especial a tecnologia e o modo de vida. O que causa profundo incomodo, segundo a pesquisa, é a forma preconceituosa como sempre foram retratados por Hollywood.

Por que as populações de maioria Islâmica preferem a Teocracia à Democracia? Por que um grande contingente de pessoas aceita o uso de costumes do século VI?


A resposta a esses “Por quês”, segundo a pesquisa, deriva do processo de criação dos estados da região. Após a Primeira Guerra Mundial, a maioria destes países foi governada por ditadores, apoiados pelo Ocidente, e o “rule of law” estabelecido não oferecia a segurança das liberdades civis, tão esperadas pela população. Portanto, o povo prefere seguir o Alcorão, pois é a forma de proteger as pessoas de um sistema de governo tirano - afinal, é a lei de Deus. Em geral, e dependendo do país, 70%-85% dos Muçulmanos acreditam que a Tradição é muito importante. Esses índices caem para menos de 50% nos EUA e em países da Europa. Alguns usos e costumes, até mesmo no que se refere às vestimentas, são vistos pela população como um preço pequeno a ser pago, para ter o benefício de honrar as tradições, que são tão caras a eles. Não cabe aqui julgar o certo ou errado.


Na minha visão, a ideia de invadir o Iraque para “estabelecer a democracia”, por exemplo, foi uma das decisões mais absurdas que assisti na vida. Afinal, quem perguntou aos Iraquianos o que eles desejavam? O resultado está ai.

Provavelmente, a falta de entendimento é, desde a Torre de Babel descrita na Bíblia, a maior desgraça da humanidade. Atentados, assassinatos cruéis, e todas essas mazelas atuais, não estão previstos em nenhum dos 3 livros da Fé, nem no DNA de qualquer povo.

Vemos, no Brasil de hoje, o crescimento dos Evangélicos. Claramente, esse movimento é uma resposta ao fato de que a Igreja Católica perdeu apelo. Dentro da Fé Cristã, criaram-se "variantes", que buscaram ir de encontro às necessidades das pessoas, na sua grande maioria carentes psicológica e economicamente. As igrejas evangélicas existem - e prosperam - porque atendem à anseios e carências profundas das pessoas.


O antropólogo Juliano Spyer lançou um livro, chamado "O Povo de Deus", baseado em pesquisa sobre os 65 milhões de evangélicos do Brasil. O livro coloca uma luz sobre o perigo de generalização, e os impactos nocivos de um eventual processo de tratar essas pessoas como cidadãos de "segunda classe", sem se procurar entender o que elas pensam, e o que as leva a abraçar uma religião alternativa às tradicionais.


Assim como o fundamentalismo Islâmico, o fundamentalismo em qualquer religião é, possivelmente, uma consequência de necessidades humanas não atendidas. Tratar os evangélicos como um bloco único é empurrar 65 milhões de pessoas para um "gueto", criando as condições necessárias para o surgimento do radicalismo. Como mostra a pesquisa do Gallup sobre o mundo Islâmico, isso é um erro profundo, pois a maior parte dos problemas resulta da frustração de se sentirem incompreendidos. O fundamentalismo religioso, e o consequente radicalismo, podem ser explorados por políticos e líderes, nem sempre bem intencionados.


O video abaixo com Juliano Spyer vale ser visto. Em 5min, e de forma contundente, o autor consegue passar em afirmações que farão vc pensar e rever seus preconceitos.


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