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Ciência é para todos


Quando fui à NY pela primeira vez, fiquei espantado ao me deparar com a estátua de José Bonifácio Andrada e Silva, em plena Sexta Avenida. Imagino que nenhum presidente brasileiro tem tamanha honraria.

A resposta deve estar no fato de que Jose Bonifácio, geologo formado em Coimbra e professor na mesma , morou 30 anos na Europa, em diversas cidades, e foi o grande cérebro por trás da nossa independência. Foi também o primeiro a estimular a prática de trazer colonos para o Brasil.

O que os americanos têm a ver com isso? Nada, mas eles reconhecem pessoas competentes - e as admiram, além de tentarem atraí-las para se fixarem lá, ou usá-las como modelo para sua educação.


Jose Bonifácio, e tantos outros como Roberto Campos , Paulo Francis, Tom Jobim, Sergio Mendes entre outros foram considerados, de um certo modo, “traidores” da Pátria, a serviço "dos gringos". Todos têm, em comum, uma capacidade intelectual fora do comum. Não é uma coincidência? Afirmo que eram todos brasileiros e patriotas, mas que é da natureza humana buscar a felicidade e o auto-desenvolvimento.

Talvez o problema esteja centrado numa dificuldade que se estabeleceu, no Brasil, de criar as condições para o desenvolvimento cientifico sustentável.

No início da década de 70, a editora Abril (na época, Abril Cultural) tinha uma série quinzenal chamada "Os Cientistas". Era uma caixa de isopor, com material experimental e um fascículo sobre um cientista famoso, e a criança podia replicar uma experiencia que, um dia, mudou o mundo.

O que aconteceu conosco? Em que momento perdemos o eixo?

Eu desconfio que tem a ver com um processo institucional que nos tornou "corretores" de um governo inchado, que paga muito bem para quem o financia. Um buraco negro que suga todos os recursos a seu entorno. Deixamos de fazer fascículos sobre ciência, e focamos em entender questões financeiras (que são importantes, mas não tanto, num mundo normal).


Como exemplo, vale citar a Open University em UK. Trata-se de uma instituição com décadas de existência, em atividade normal regular de excelente qualidade, montada com equipamentos, em seus laboratórios, para produzir conteúdo de vídeos para educação. A Open University é o grande produtor de conteúdo para BBC, e agora, com a internet, tem como distribuir muito além o seu conhecimento.


Espero que a pandemia traga uma atenção ou curiosidade para que as pessoas descubram a ciência como uma forma de buscar conhecimento, resolver problemas, e guiar sua vida pelo método de experimentação metodológica.


Monica De Bolle, economista, professora da Johns Hopkins University, e morando há 20 anos em Washington DC, montou um canal de Youtube ( clic abaixo) com o objetivo de discutir publicações cientificas em geral, de diversos campos de conhecimento. Monica, como boa professora, tem a sensibilidade de falar em uma linguagem leiga - mas não infantilizada, mostra o trabalho cientifico em papel o tempo todo - o que gera no espectador não apenas confiança, como ajuda a desenvolver a cultura de ir na fonte da pesquisa (hoje tão acessível), e busca ensinar como ler um trabalho cientifico. Imagino que outros cientistas estejam buscando o mesmo caminho, na construção de um pacote de conteúdo de boa qualidade em português.

O desenvolvimento de uma consciência cientifica, independente de classe social, é, no fim do dia, o efeito mais importante do que chamamos de Educação.




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