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A saudade do Levante

Cordoba na Espanha no ano 1000 tinha uma população de 500.000 habitantes sob o domínio Islâmico quando Londres e Paris não passavam de 20.000 hab cada.

Nesta metropole vivIam em total harmonia islâmicos, cristãos e judeus.

Filósofos, medicos e scholars dos povos dos livros como o judeus Mamonaides e Seneca iluminavam todo o mundo árabe.

Aprendi admirar a cultura islâmica lendo o livro do libanês Amin Maalouf : As Cruzadas Vistas pelos Arabes (1983)

Aos 70 anos de idade fazendo um balanço da vida Maalouf nos brinda com um livro que tenta elucidar o que levou o Oriente Medio a regredir e se voltar para o passado buscando uma gloria perdida e adotando intolerancia.

Em seu mais recente livro “O Naufrágio das Civilizações” Maalouf demonstra que exatamente no seu tempo de vida as sociedades da sua região se transformaram na direção obscurantismo especialmente desde a vitoria de Israel na Guerra dos 6 dias quando os arabes teriam aceito a derrota como absoluta e a estrela do líder maior de toda a região o egípicio Gamal Nasser começou a se apagar findando o universalismo daquelas sociedades tao vigorosas no período do Levante.

O video abaixo do final de 50s mostra Gamal fazendo piada e rindo diante de uma plateia no Cairo que nao podia crer nas demandas absurdas de uma pauta de costumes da Irmandade Islâmica que vem a ser origem do Hamas, Estado Islâmico etc que hoje impõem as populações hábitos medievais. Neste video fica claro que naquela epoca ninguém imaginava o que viria acontecer e zombavam da ideia de voltar a costumes do século VI. O video é curto 2min e legendado em ingles.

Maalouf lembra as palavras do poema do sec XI do poeta Omayyah Ibn Abissalt al-Andalusi, nascido em Dénia, Espanha, que reflete o espirito do Al Corao.


Se eu sou feito de argila,

A terra inteira é meu país

E todas as criaturas são meus parentes.


O testemunho de vida de Maalouf sobre as últimas décadas e as razoes que levaram ao colapso de inúmeras sociedades pode ser exemplificado no texto abaixo:


‘Hoje, estou certo de que o ideal – para meu país natal, mas não só para ele – não reside nem no sistema de cotas, que aprisiona a sociedade a uma lógica perversa, conduzindo-a ao caminho que se quis evitar, nem na negação das diferenças, que dissimula os problemas e contribui, com frequência, para agravá-los. Residiria, sim, na instauração de um dispositivo de vigilância, por meio do qual se pudesse verificar permanentemente que nenhum setor da população – e mesmo, idealmente, nenhum cidadão – fosse vítima de discriminação injusta ligada à cor, à religião, à etnia, à idade, ao sexo etc. Se não queremos nos resignar a uma lenta putrefação do tecido social, nem entrar na lógica insidiosa do comunitarismo, é preciso que nos esforcemos para ter em conta as inúmeras sensibilidades que existem no seio da população. Para que cada indivíduo se reconheça dentro da sociedade em que vive, em seu sistema social e nas suas instituições. Isso exige uma atenção diária a todas as tensões e distorções’.


O alerta de Maalouf na forma deste livro escrito em primeira pessoa é valido porque pelo planeta se ve brotar uma agenda de costumes retrógrada e intolerância independente de que religião estamos falando.


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