Era o início dos anos 80 quando surgiu a força de Madonna. Ela chocou o mundo com suas roupas íntimas, transparentes e sexy. As fotos de Madonna adolescente mostram como ela era magra e sem seios, parecendo um garoto franzino. De início, as pessoas “torceram o nariz”, mas a insistência, disciplina e trabalho pesado levaram a loura falsificada a um sucesso retumbante e completo. Não se pode falar do fim do século XX sem se mencionar, entre as figuras do POP, Marilyn Monroe nos anos 50-60, e Madonna nos anos 80-90-2000.
O mercado de música é um dos mais competitivos do mundo. Não é preciso ter capital para criar música, e o Spotify, hoje, distribui sem atrito. Fazer sucesso global não é para qualquer uma. Os passos de Madonna foram seguidos por diversas cantoras, na sua grande maioria norte-americanas, alavancadas pelo seu mercado gigantesco. Quase todas grandes cantoras de sucesso seguiram a mesma fórmula: músicas dançantes, pouca roupa, corpo sexy (nem que fosse à base de enxertos) e danças exóticas. Os 300 milhões de habitantes dos EUA são mais que suficientes para, de tempos em tempos, gerar um fenômeno musical.
A menina que nasceu em Honorio Gurgel em 1993, assim como Madonna, não tinha nenhum predicado físico, e muito menos qualquer razão para achar que poderia ser um estrela global.
Anitta seguiu o “playbook” tradicional, cantando em bailes, bares, colocando silicone, apelando para a dança sexy, e etc. Muita luta e sacrifício para chegar nos programas de televisão e nas gravadoras. Anitta foi muito longe, atingindo um nível de sucesso invejável no Brasil.
Essa história, por si só, já seria suficiente para enriquecer a menina de Honorio Gurgel, e garantir um sucesso muito além do que qualquer pessoa de sua ascendência.
Anitta, no entanto, tinha dentro de si a vontade de jogar na “primeira liga”, e ser reconhecida além do seu país. Anitta não recebeu uma ligação de um Frank Sinatra como aconteceu com Tom Jobim. Anitta também não tinha um ritmo original como bossa nova. Buscou - sozinha - produtores em Los Angeles / EUA, e foi recusada por inúmeros. Insistiu muito até achar alguém que trabalhasse com ela. Anitta fala e canta em inglês, espanhol e francês sem sotaque. Lança músicas com uma frequência alucinante em diversos idiomas e com inúmeras parcerias internacionais.
Além disso, na minha visão, a empresária Anitta supera, em muito, a artista. Quando atinge o feito de ter sua música como a mais tocada no Spotify no planeta, essa conquista é consequência de muito trabalho e tenacidade de uma menina, ex-favelada, de 29 anos.
Qual é a relevância de Anitta? É mostrar, às crianças do Brasil, que não existe limite para seu sonho. É mostrar que a maior riqueza da nossa nação são os mais de 200 milhões de cérebros que o país abriga e que esses podem buscar o seu espaço no mundo.
A vitória de Anitta não está nas coreografias ousadas - afinal, Madonna, Beyoncé, Shakira, Jennifer Lopez, dentre tantas outras, também o fazem. A vitória de Anitta está no seu cérebro, capturando tendências, e desenvolvendo estratégias para vencer o meio, e se encaixar num mundo que não lhe pertencia.
Anitta é o exemplo para um país que precisa entender que existe um planeta a se conectar, e aprender como “jogar o jogo” para liberar todo o potencial de 200 milhões de cérebros.
Será😕??? Replicando Cortella. Belo texto.
Belo o texto, maravilhosa a historia dela. Anitta inspira, para aqueles que souberem ver e aprender com ela.