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Amazonia fica no meio do caminho entre São Paulo e Londres

Atualizado: 30 de out. de 2020


Moro em Londres, cidade que considero a melhor do mundo. Uma mescla de cultura, negócios, hub logístico, muito verde, e excelente malha de transporte, tornam Londres um lugar efetivamente multicultural, aberto a pessoas de todo o planeta.

Tudo que citei acima mostra que nossa sociedade é focada no ser humano como centro do universo. A pandemia botou em check o conceito de urbs, e tirou a nossa atenção do homocentrismo, ao criar o desconforto de ser obrigado a pensar em alternativas à vida urbana. Por hora, Londres perdeu o seu charme.

As cidades são a maior invenção humana porque, por princípio, são um habitat artificial, no qual a natureza é inserida por conveniência: toilet, ar condicionado, pias, geladeiras, jardins, parques, etc.


As cidades devem ter sido um fator primordial na nossa capacidade de, em 2000 anos, sair de uma expectativa de vida de 25 anos para 85 anos.

São milhares de anos usando a natureza sem preocupação. Parece que, no entanto, estamos em um ponto de inflexão, no qual é possível ainda reverter o processo com inteligência, sem acabar com as condições para que o ser humano mantenha, razoavelmente, o seu modo de vida.

Na edição da “Nature” de 14/10/2020, foi publicado um estudo ( https://www.nature.com/articles/s41586-020-2784-9),liderado por Bernardo Strassburg, professor da PUC-Rio, em conjunto com 27 cientistas de 12 países, no qual conclui que 30% das áreas de vegetação, convertidas em fazendas em todo o mundo, poderiam ser restauradas, sem afetar produtividade agropecuária.Como consequência, mais de 70% das espécies em processo de extinção poderiam ser salvas.

Assim como nesse estudo, diversas outras iniciativas estão brotando. Creio que a preservação florestal está entre as iniciativas mais efetivas, apesar de não ser a única.

É tempo de unir corações e mentes, de pessoas de todas as atividades, para atacar o problema ambiental.


Acredito que, desde 1992 - quando ocorreu, no Rio de Janeiro, o grande evento ECO-92, os cientistas não estão sendo capazes de se comunicar adequadamente. Cientista não é comunicador - logo, torna-se necessário criar uma SQUADS (para usar um termo em voga), de pessoas de diferentes habilidades, para trazer o tema ao nível “TIK TOK”, se for preciso.


Dedico esse texto a um empreendedor gaúcho de tecnologia. Depois de vender sua empresa, e morar anos no Vale do Silício, esse empreendedor resolveu criar um PODCAST, chamado “Spin Cast”, e buscou vozes de diferentes matizes para falar sobre a Amazônia.


Jose Cesar Martins nada entende de Amazônia ou das questões ambientais. Porém, com sua curiosidade e atitude, vem criando um acervo de depoimentos que todos os brasileiros deveriam ouvir.


Penso que a questão ambiental é um assunto de todos, mas pode ser que vc ainda não tenha percebido a importância do mesmo. No link

https://open.spotify.com/episode/3p4rznrL8uR81ZozPO1MzS?si=Dc8pF7gURK6_L34NapNXjg,

vc pode acessar conteúdo de qualidade, de pessoas que entendem e vivem a questão no entorno da maior riqueza brasileira, que é a nossa floresta tropical. Seus filhos e netos agradecerão.


Talvez como a grande maioria dos brasileiros, segue um testemunho pessoal do tamanho da nossa ignorância:

Quando cheguei em Londres, em 2014, fui procurado por um inglês de 70 anos, ex-banqueiro, que tinha um projeto de estabelecer, na Amazônia, centros de pesquisa das maiores universidades do mundo, com patrocínio de grandes empresas poluidoras. A minha resposta para ele foi:


“Nada entendo de Amazônia. Ela fica 5.000 km distante de São Paulo, metade do caminho entre São Paulo e Londres.”


Ele respondeu:


“Não entendo porque nenhum brasileiro me apoia.”



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